Meu sono, meu sonho, meu mundo, é
vazio, frio, oco.
Meus sentimentos se foram com a morte
de minhas esperanças.
Desespero e medo, antes tão presentes,
se aquietaram, agora quase como companheiros, aguardam comigo a morte
chegar.
E esta, a morte, nem a má sorte me
traz, a quem tanto peço, imploro, rezo. Anseio pela morte tanto
quanto outros anseiam pela bela vida. Que agora não me é tão bela,
nem mais tão colorida.
Como em uma TV vejo minha própria
vida passar e eu não me movo, apenas sigo, automaticamente, o que o
destino me traz, me sinto anestesiada, não sinto nada, e sofrer
seria melhor, muito melhor, que nada sentir, estou oca, apenas casca,
sem vontades ou desejos, sem respostas ou perguntas.
Não culpo o passado, nem o nego, não
acredito ter tido poucos momentos bons, e nem que todos os ruins
foram os culpados. A culpa foi apenas minha, por ter deixado, por não
ter aguardado, e agora, sem remorso ou motivação, pinto folhas e
mais folhas, apenas para me manter sã, para sobreviver e apenas
existir.
Hoje e sempre, apenas casca.